Fui virgem tempo demais
Fui virgem tempo demais
Entregando o meu corpo em retratos de maça
Abri-o em espragatas sem prazer
Em noites gélidas , escuras e tão compridas
Como se não houvesse amanhã!
Fui virgem tempo demais
Vivendo em volúpias do pecado original
Deitei-me em camas perdidas
Sem suspiros, falas ou calores
Eu nunca soltei meus ais!
E entre tantos supostos amores
Esperei
Aquele que me desvirgindasse a alma
E ma entregasse calma
Ao meu corpo de mulher!
Mas para meu espanto, afinal
Fui virgem tempo demais
Já que não te encontrei
E nas mãos dum homem qualquer
As mulheres são todas iguais!